Outubro 4, 2015

Há alguns meses Roger Waters andou enviando cartas pedindo para que Caetano Veloso e Gilberto Gil não tocassem em Israel, como parte da campanha que o ex-Pink Floyd faz para boicotar apresentações de artistas no país, que ele acusa de promover ódio e violência desenfreada contra os palestinos.

E agora foi a vez do Bon Jovi, que tem uma apresentação agendada para amanhã, 3 de outubro, em Tel Aviv, receber uma carta com o pedido de Waters. Mas Jon Bon Jovi disse que “o show deve continuar”: “Sim, fiquei sabendo, mas isto não me interessa. Disse pros empresários responderam apenas o seguinte: estou indo para Israel e empolgado em chegar lá. Há poucos lugares no mundo onde nunca estive, e Israel é um deles, então a expectativa é imensa. Pretendemos ficar alguns dias e ver tudo que for possível”.

Leia a seguir a carta de Roger Waters para o Bon Jovi:

Prezados Jon Bon Jovi, David Bryan e Tico Torres

Antes escrevi cartas detalhadas e por vezes persuasivas a colegas do show business, encorajando-os a não ceder às políticas segregadoras do governo de Israel ao se apresentar no país. Mas após ler os comentários de Jon, não farei comparações com o apartheid sul-africano. Apenas direi que vocês se igualam…

Ao soldado que pôs fogo em um bebê vivo.

Ao piloto do tanque de combate que esmagou Rachel Corrie.

Ao soldado que atirou nos pés do jogador de futebol.

Ao marinheiro que afogou as crianças na praia.

Ao atirador que matou um garoto que usava uma camiseta verde.

Ao atirador que esvaziou seu pente de balas em uma menina de 13 anos.

E ao Ministro que prega o genocídio.

Vocês tiveram sua chance de ficar do lado da justiça.

Com o piloto que se recusou a bombardear o campo de refugiados.

Com o jovem que preferiu enfrentar oito mandados de prisão a ter que servir o exército.

Com o prisioneiro que fugiu durante 226 dias até conseguir a liberdade.

Com o médico que foi banido por salvar vidas.

Com o fazendeiro que foi atingido por ir até o muro das lamentações.

Com a criança sem pernas crescendo entre os escombros.

E as outras 550 crianças que nem crescerão

graças a mísseis, tanques e balas que nós enviamos.

Os mortos não vão lembrar vocês dos crimes que vocês ignoram. Mas, não vamos nos esquecer que permanecer quieto e indiferente é o pior dos crimes.

Roger Waters