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Metal: as bandas e sub-gêneros mais odiados pelos metalheads

O preconceito é um dos males da sociedade que se diz civilizada desde que o homem é reconhecido como homem. Existe em todas as classes sociais, em todas as raças e em todos os credos. Em algum momento da história, essa idéia de pré-conceito chegou ao meio musical. Sabe aquele restaurante famoso ou aquele prato específico que você nunca foi experimentar só porque seus amigos falam que é ruim? Hoje vamos dissertar (superficialmente) sobre algumas bandas e sub-gêneros de sucesso que os metaleiros conservadores mais odeiam.

Primeiramente, sei que gosto é como o orifício anal e cada um tem o seu. Porém, reflita comigo pelos próximos minutos da mesma forma.

NU METAL

Slipknot em sua atual formação

Classificado como uma desambiguação do New Metal e um sub-gênero do Rock Alternativo, o Nu Metal é caracterizado pela harmonização do Metal com elementos do Hip-Hop e Industrial. Para o metaleiro de raiz, a inclusão de versos falados rimados rapidamente e efeitos eletrônicos provindos de uma pick-up de DJ no Metal é uma heresia. Como se o Heavy Metal tivesse nascido somente para ser o Heavy Metal dos anos 70/80 e nunca, jamais (pelo menos tentar) evoluir.

O Slipknot inicia a nossa lista representando também seus companheiros de gênero Korn, Limp Bizkit e Linkin Park. A banda já ganhou um Grammy, concorreu a outros oito, já tocou no Rock in Rio, já encabeçou o line-up do Download Festival e do Monsters of Rock, e ainda possui o próprio festival anual de música nos E.U.A. (o Knotfest), contudo, apesar das letras/canções agressivas e os feitos da banda, o Slipknot é considerado como “Mainstream” (qualidade de bandas que priorizam as vendas de discos e o sucesso nas rádios, visando agradar a maior quantidade de ouvintes possível).

Junte o visual, o sucesso comercial e o fato da comunidade de fãs terem um apelido próprio, os chamados “Maggots”, e uma conclusão prévia da banda já é formada pelos metaleiros inflexíveis, ignorando sua música e/ou suas incríveis performances ao vivo. Os 9 integrantes sem nome no palco, conhecidos por números de #0 a #8, usando máscaras e uniformizados com macacões industriais, são fatores que determinam não somente o marketing da banda mas também criam uma identidade única a ela, ou seja, você jamais confundirá Slipknot, pela aparência, com outras bandas. O KISS sempre fez isso à sua maneira e indiscutivelmente esse tipo de publicidade funciona, ao mesmo tempo vendendo e agradando.

POP-PUNK

Green Day ao vivo em Londres (2005)

O movimento Punk geralmente não se dá muito bem com outros estilos de música. Imagine quando o Pop entra nesse meio. O Pop-Punk mistura os tempos rápidos e frenéticos de guitarra e bateria do punk, com os vocais melódicos e temas líricos do pop. Vencedora de cinco Grammy e uma das bandas mais famosas dos anos 2000, o Green Day, apesar de formada em 1987 também é alvo de julgamentos superficiais de alguns roqueiros. E aliás, como não poderia? Como consequência do lançamento do grupo à Estratosfera comercial na era “American Idiot”, o Green Day chegou aos ouvidos de muitos jovens que pouco entendem (ou não entendem nada) de rock, os chamados “Posers”. Como se isto não bastasse, lançar singles como “Boulevard of Broken Dreams” e “Wake Me Up When September Ends”, e ainda querer estampar o nome “Punk” no gênero musical? O mesmo Punk de Ramones e Sex Pistols. Praticamente um crime inafiançável para os ouvintes em questão.

Já o Blink-182 destaca um dos maiores bateristas da década de 90, Travis Barker, onde muitas vezes sua percussão se sobrepõe à guitarra devido sua complexidade nos grooves e rapidez na execução das notas, mas para o nosso amiguinho batedor de cabeça isso não é o suficiente para efetivamente dar uma chance de descobrir as músicas “Punks” da banda e ir além do que toca nas rádios (alias, “All The Small Things” e “I Miss You” ficariam em último na minha lista de favoritas). Homens de verdade andam de motocicleta, garotos andam de skate. E assim, mais um gênero é perseguido pelo clero metaleiro nas Cruzadas sonoras.

METALCORE

Avenged Sevenfold promovendo seus primeiros shows de Janeiro de 2015

Em uma nota sobre rótulos e conclusões precipitadas, o Metalcore/Hard Rock/Heavy Metal do Avenged Sevenfold (também conhecido como A7X) jamais poderia ficar de fora. O A7X é outro caso onde encontramos um incrível e habilidosíssimo artista, o falecido baterista The Rev, e os leads e solos criativos e bem executados do guitarrista Synyster Gates, porém ficam obscurecidos pelo visual de maquiagens pesadas, franjas, piercings e etc. em meados de 2005. Entretanto, é interessante o fato de que atualmente, embora a banda não adote mais esses acessórios todos e aparentam ser músicos normais, nosso colega metaleiro tradicional ainda associa o A7X à sua aparência “emo” de 10 anos atrás. Parece algo insuperável. Falando em aparência exagerada, como poderia eu esquecer do episódio “Black Veil Brides no Monsters of Rock”?

A banda californiana tocou no festival em meio às vais e xingamentos da platéia durante toda a extensão de seu show por se apresentar logo antes do Motorhead, que nem chegou a executar seu show, diga-se de passagem, por conta de um repentino problema de saúde de Lemmy (eu chamaria isso de Karma Instantâneo). A banda era “Padrão Monsters of Rock”? Não. Chegou extravagante demais no palco para se apresentar a um público tão exigente? Sim.

Porém eu acredito que quem deveria ser xingado são os responsáveis pela escalação dos shows, já que alguém tem de ser culpado. Vamos analisar rapidamente o, no mínimo curioso, Line-up deste festival: De La Tierra (Metal) – Primal Fear (Power Metal) – Coal Chamber (Nu Metal) – Rival Sons (para os mais calmos) – Black Veil Brides (representando a “Nova geraçao do Metal”, talvez?) – Motohead – Judas Priest – Ozzy Osbourne. Essa hostilidade toda poderia ter sido evitada caso o B.V.B. tivesse tocado mais cedo junto às bandas mais novas (ou caso as pessoas não fossem tão implicantes). Outro detalhe: a banda só estava fazendo o seu trabalho, tanto que entre uma música (vaiada) e outra, o vocalista Andy Biersack chegou a agradecer a oportunidade de tocar no prestigiado evento e se desculpar com o público… três vezes.

Portanto o que tiramos de tudo isso é que o Heavy Metal hoje é uma comunidade fechada, onde só os dignos entram. Para muitos, o Mainstream é errado e deve ser evitado. Videoclipes na TV são sinônimo de banda “modinha” (sucesso momentâneo, passageiro). Grammy e posição na Billboard 100 não importam. A imagem de badass motherf**ker vem primeiro, a qualidade e estrutura da música vem depois. Os headbangers procuram nas bandas algo que possa representa-los, procuram alguém que possa ser seu líder nessa “guerra musical”. E se não gostarem do que ver, não vão gostar do que vão ouvir.

Até mesmo uma das bandas mais importantes dos anos 80, o Metallica, sofreu com as críticas dos fãs hardcores após o lançamento de seu álbum homônimo, onde encontramos algumas das músicas mais famosas da banda. E se o “Black Album” não tivesse existido? Ainda assim seria hoje a banda de Metal mais próspera do mundo?

O Mainstream nem sempre é ruim. Permite que um público maior tenha acesso ao conteúdo da banda. As pessoas mantém o costume medieval de temer o novo, caçar o diferente, adorar os clássicos e somente os clássicos. É como se o Metal fosse uma grande terra-média onde você escolhe um distrito pra representar e defender para o resto da vida. E eu nem cheguei a comentar as “bandas de garotas” do Pop/Indie Rock, as bandas brasileiras “de criança” como o CPM 22, a incansável discussão “Metallica vs Megadeth”, e do episódio “Ghost B.C. no Rock in Rio”. Aparentemente o amante de Heavy Metal não pode ouvir outros sub-gêneros de rock. Muito menos ouvir outros gêneros musicais em geral.

Esquece a opinião dos outros cara. Não é ilegal ser fã do Iron Maiden e curtir uma ou duas músicas do Coldplay. Ilegal deveria ser não tentar sair da zona de conforto e ter medo de descobrir (e gostar de) outros artistas. O mundo inteiro passa por mudanças o tempo todo. Por que você insistiria em ficar parado no tempo? Você não precisa ser idoso para ouvir música clássica. Você não precisa ser homossexual para ouvir Pop. Você não precisa ser negro para ouvir Blues.

Também não estou dizendo para boicotarmos os clássicos. O último disco do Black Sabbath, “13” (de 2013), além de trazer a banda de volta ao cenário musical e receber o Grammy de Melhor Performance de Metal por “God Is Dead?”, também proporcionou a possibilidade de ve-los no Brasil pela primeira vez em sua formação (quase) original. Foi espetacular.

Por último, lembre-se: Uns aprendem antes do que outros, mas ninguém nasce conhecendo de tudo. Você também já foi Poser em algum aspecto. Conhece alguem Poser? Ensine-o. Estimule-o a pesquisar. A aprender. A descobrir. Aproveite e descubra junto com ele.

Juntos, cantamos mais alto. \m/

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