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Osama Bin Laden: O que havia na sua coleção de cassetes?

Depois que os EUA invadiram o Afeganistão em 2001, OSAMA BIN LADEN foi forçado a fugir da cidade de Kandahar, onde ele estava desde 1987. Várias bases suas foram vasculhadas, inclusive uma do outro lado da rua do Ministério Das Relações Exteriores do Taleban, onde 1500 fitas cassete estavam esperando para serem descobertas.

Foi uma família afegã que achou as fitas na propriedade revirada, e por fim acabou levando a coleção a uma loja de fitas – com o fim do regime fundamentalista e tirano, músicas ocidentais agora podiam ser ouvidas e comercializadas no país – no intuito de faturar algum $$.

Mas um cameraman da CNN ficou sabendo do ocorrido e convenceu o dono da loja a devolver as fitas, dizendo que elas poderiam conter dados importantes, afinal, era um tipo de arquivo em áudio da Al-Qaeda.

As fitas acabaram chegando ao departamento de comunicações de uma faculdade em Massachusetts, que conduzia um projeto sobre a mídia afegã. Flagg Miller, um perito em literatura e cultura árabe da Universidade da Califórnia, foi solicitado a decupar uma infinidade de sermões, músicas e conversas. Ele ainda é o único que ouviu todo o conteúdo dos K7s.

“Foi acachapante”, diz Miller, lembrando do dia em que recebeu duas caixas de fitas em 2003. ”

“Eu não dormi por três dias apenas pensando no que eu teria que fazer para organizar aquilo. ”

Após mais de uma década de trabalhos, Miller escreveu um livro sobre seus achados, intitulado ‘The Audacious Ascetic’, que fala somente sobre a coleção. As fitas abrangem do fim dos anos 60 até 2001, e têm mais de 200 protagonistas – inclusive o próprio Osama.

Miller diz que pelo conteúdo encontrado, percebe-se porque havia uma dificuldade da parte de Bin Laden em se afirmar como um militante eficiente, porque ele tinha uma imagem de ser meio ‘boy’, sempre com coturnos caros, e delírios de autopromoção.

Mas porque, já no século XXI e com tanto dinheiro, os terroristas ainda faziam uso de tecnologia tão antiga?

Fitas cassete eram a ferramenta perfeita para espalhar propaganda e informação. Elas podiam ser compartilhadas facilmente, apagadas, gravadas por cima ou entregues de mão em mão.

Mas o que havia de música nessa coleção?

Horas de cânticos islâmicos, canções sobre batalhas dramatizadas, e mensagens musicais para mujahideen aspirantes – uma ferramenta de recrutamento.

“Para muitos, esse é o caminho para entrar na jihad – através do coração”, diz Miller.

“Essas músicas têm um apelo emocional, trazendo o som do combate para dentro de casa, o som que muitos sabiam por meio de leitura e viam na TV – há algo mais intimista ao ouvi-las em seus fones de ouvido, porque daí elas agem sobre sua imaginação.”

Mas e quanto a Phil Collins? Fleetwood Mac? Rolling Stones? Madonna?

Não. Mas há música popular ocidental na figura de GASTON GHRENASSIA, que geralmente se apresentava sob o nome ENRICO MACIAS, um judeu algeriano que ficou famoso na França, e depois alcançaria sucesso mundial nos anos 60 e 70.

“Eu acho que essas coleções de músicas francesas revelam sobre a fluência dos árabes-afegãos de Kandahar em vários idiomas, assim como suas experiências de viagens pelo mundo. Muitos haviam morado no ocidente por longos períodos e é de conhecimento público que viveram várias vidas paralelas,” afirma Miller.

“Essas músicas sugerem que alguém, em algum momento de sua vida, estava curtindo as músicas do judeu algeriano – e muitos podem ter continuado a gostar delas, apesar de tantos esforços que sugeririam que fazer algo assim seria uma heresia.”

Outro nome inesperado no acervo é o de Mahatma Gandhi, citado como inspiração por Osama Bin Laden em um discurso feito em setembro de 1993.

Esse também é o primeiro discurso da coleção no qual Bin Laden convoca seus confrades a tomarem ações contra os EUA. Como? Deixando de comprar produtos feitos naquele país.

“Pensem no caso da Grã-Bretanha, um império tão vasto que alguns diziam que o sol nunca se punha nele”, diz Bin Laden.

 

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“A Inglaterra foi forçada a se retirar de uma de suas maiores colônias quando Gandhi, o hindu, declarou um boicote contra seus produtos. Devemos fazer o mesmo hoje com a América.”

Bin Laden também encoraja seu público a escrever cartas para as embaixadas dos EUA, para levantar a questão do papel do país no conflito do Oriente Médio. Ainda não havia nenhuma menção de violência contra eles.

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