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Rock/Metal: Do ápice à decadência. Porquê?

O Rock’n roll foi o principal movimento cultural do mundo por gerações. Dentro ou fora dos palcos, seus ídolos influenciavam o planeta. Com o tempo, tanto a música quanto os próprios artistas do rock e metal estão sendo deixados de lado. A música pop, o rap, a música eletrônica são o foco da cultura mundial. Por quê? O que será que aconteceu?

Confira a tradução de um post publicado pelo site da VH1.

Recentemente, tropecei na lista de melhores álbuns dos anos 2000 da Rolling Stone. Eu quase não acreditei que apenas dois álbuns de hard rock estavam na lista: Toxicity do System of a Down e Rated R do Queens os the Stone Age. Não tinha nenhum álbum de metal.

É difícil de acreditar que Kanye West teve quatro álbuns em dez anos melhores do que qualquer lançamento do Foo Fighters, a maior banda de rock da América. Eu estava escutando um dos meus podcasts favoritos, Grantland, que estava fazendo uma resenha da premiação do Grammy, e os dois anfitriões literalmente zombaram da categoria de metal.

Metalheads não se importam com o Grammy, certo? É bem óbvio que quem faz as nomeações e participa das votações do Grammy está bem desinformado em relação aos subgêneros. Aconteceu um incidente infame quando Metallica perdeu o primeiro Grammy da categoria Hard Rock/Metal para Jethro Tull, em 1989. Embora não tão escandaloso, o Grammy da categoria de metal mais recente foi vencido pela dupla geralmente não-metal do Tenacious D, por um cover em um álbum tributo ao Dio. Nós fingimos não nos importar, mas isso foi o cúmulo. Não porque os fãs de heavy metal não gostam de Tenacious D. Eles os amam. Eles só não os consideram metal, para falar a verdade, mesmo que alguns de seus álbuns e músicas façam homenagem ao metal. Este é só mais um exemplo do metal sendo desrespeitado e sendo varrido para debaixo do tapete. Alguma coisa está errada.

Não me sinto velho, mas eu sou velho o suficiente para saber como a cena da música pesada esteve, está e onde estará. Quanto mais velhos ficamos, mais nos sentimos diferentes das “crianças de hoje” e suas preferências.

O Metal como conhecemos é o neto do Rock n Roll. Isso é tão óbvio para mim: a conexão entre os Beatles e o Morbid Angel. Eu suponho que isso não seja óbvio para a maioria das pessoas. O rock e, consequentemente, o Metal, têm, aparentemente, desaparecido da cultura popular.

Já que este sentimento é quase irrefutável, devemos nos importar? O pensamento contemporâneo é de que o metal sempre foi música rebelde, “anti-cultura”. Se você está indo contra o sistema, a cultura popular certamente faz parte desse sistema, certo?

Quando eu era adolescente, meus compatriotas mais velhos me contavam sobre uma era dourada em que o heavy metal vivia seus dias de glória: os anos 80. Sou de New Jersey, lar de Bon Jovi, Skid Row e Twisted Sister. Jersey era, aparentemente, um paraíso glam nos anos 80, onde cabelos incrementados reinavam, todo guitarrista podia fazer um shred e o heavy metal era o rei do pedaço. O Hair Metal encheu estádios, liderou as paradas, foi capa de revistas e dominou a rádio e a MTV.

Entrei no mundo do metal no início da década de 90, época em que deveria ter acabado. Pelo menos é isso que me diziam. Mas não foi o que aconteceu. O Glam perdeu espaço, mas Guns N Roses e Metallica apareceram para ser as maiores bandas do mundo. O grunge era apontado como o próximo grande movimento, mas ainda era definido pelas guitarras barulhentas do rock’n roll e imagem sombria. Apesar de eu estar preocupado, o grunge se encaixa na música pesada. Tudo fazia sentido. Não tinha acabado. A música pesada continuava sendo a frente da cultura.

Os jovens podem não compreender o quão poderosa foi a era da MTV e das rádios antes do estouro da internet. É importante entender que eram as principais portas de entrada desses artistas. Essas eram as formas que se encontrava música quando se era jovem. Através das revistas, dos amigos e dos shows ao vivo. Rock e Metal mandavam na MTV. No VMA de 1991, 5 das 12 performances foram de Rock e Metal: Metallica, Guns N Roses, Van Halen, Poison e Queensryche. A presença da guitarra impulsionando uma banda de música foi diminuindo através dos anos. Em 2013, não tiveram performances de bandas de rock no evento, nem em 2014, a não ser que considere Maroon 5 como banda de rock.

Para mostrar como as coisas mudaram, pesquisei a história do VMA da MTV, que é uma boa referência para se saber que tipo de música os jovens estão ouvindo em grande escala. A MTV não distribuiu prêmios por gênero até 1989. Eles iniciaram uma categoria de “Metal” (vencida pelo GnR), mas não havia uma categoria “Rock”. No ano seguinte, em 1990, eles mudaram o nome da categoria para “Metal/Hard Rock”. Em 1997, eles tiraram “Metal” da categoria e mudaram para “Hard Rock”. No ano seguinte, em 1998, eles tiraram “Hard” do título e agora é só “Rock”, que permanece até hoje. Adivinhe quem venceu o melhor vídeo de “Rock” em 2014? Lorde. Estão de sacanagem com a gente.

O rock era tão importante para a cultura que, em 1993, Eddie Vedder, do Pearl Jam, esteve na capa da TIME Magazine. Se a TIME Magazine não reflete um momento significativo, eu não sei o que reflete então. Pearl Jam também quebrou o recorde (na época) de álbuns vendidos em uma única semana com Vs. Pearl Jam pode não ser uma banda de metal, mas eles ainda fazem parte da árvore do heavy metal. Concordando com ele ou não, Eddie Vedder tinha algo para dizer e que influenciou a nossa cultura.

Nossos rockstars influenciaram o mundo. Eles não estavam apenas fingindo ser promiscuamente perigosos com esperança de conseguir seguidores pelo mundo para inflar seu ego de celebridade. O estilo de vida do rockstar era real. Digo isso sabendo que os músicos eram realmente ricos no auge e podiam destruir quartos de hotel, transar com supermodelos em jatos particulares, tinham um exército de empresários, agentes e pessoas para limpar a bagunça quando o rockstar passava do ponto na bebida. Em 2015, teremos a turnê de despedida do Motley Crüe. Nenhuma banda foi tão fiel ao modelo de rockstar.

Apesar de todos as arenas com ingressos esgotados que conseguimos, o mainstream insiste em dizer que não há lugar para nós. É hora de acabar com o hard rock. Os “rockstars” de hoje são rappers, DJs. Steven Tyler é “o cara do American Idol” e Gene Simmons é “uma estrela doentia de um reality show da TV”. Ozzy? Ele ainda está vivo? Até mesmo Lemmy parou de beber seus Jack Daniels. Eu me pergunto quem vai substituir esses ícones quando não estiverem mais conosco?

Qual foi o último músico no Rock e Metal que causou impacto pelo mundo? Marilyn Manson? Pelo menos ele ainda não chegou aos 50. Slipknot e Rammstein são enormes na indústria, mas muitas vezes têm suas realizações diminuídas por serem vistos como estranhos ou góticos.

[to_like]Não tenho certeza se estou com raiva pelo mainstream nos ignorar ou se estou desapontado pelos músicos do rock serem tão entediantes. Eu não sei de quem é a culpa. Talvez ambos. Talvez ninguém. Ou talvez eu esteja falando de um problema que nem existe. Talvez eu deva me contentar em ficar em nossa pequena pista. Deve ser bom o suficiente, masa parece que a pista está ficando mais e mais estreita. Nós não temos o Lollapalooza onde Ministry, Ice Cube e Soundgarden possam aparecer no mesmo line-up mais. Todo mundo está em seu próprio canto segregado. Os garotos legais estão em Coachella sendo legais. Os caipiras estão no Rock on the Range batendo cabeça com o Godsmack. Os troos do metal extremo estão no Wacken bangeando e cantando canções nórdicas para o Eluveitie ou qualquer outra banda cujo nome eu não consigo pronunciar.[/to_like]

 

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